CSM promove concerto de homenagem a Aristides de Sousa Mendes e reforça compromisso com a agenda humanitária
No passado dia 13 de setembro, a Casa do Passal, em Cabanas de Viriato, acolheu o concerto “Aos Justos entre os Justos”, promovido pelo Conselho Superior da Magistratura (CSM), em parceria com o Tribunal da Relação de Coimbra (TRC) e o Tribunal Judicial da Comarca de Viseu.
O evento, organizado em colaboração com a Orquestra Clássica do Centro (OCC) e a Câmara Municipal de Carregal do Sal, homenageou a figura de Aristides de Sousa Mendes, reconhecido pela corajosa ação em prol dos refugiados durante a 2.ª Guerra Mundial, e refletiu sobre a atual crise humanitária.
No discurso que antecedeu o concerto, o juiz conselheiro Luís Azevedo Mendes, vice-presidente do CSM, relembrou o enorme esforço de várias entidades para conseguir recuperar a Casa do Passal, um “santuário”, e destacou o orgulho que o presidente da Câmara, Paulo Catalino, sente por ter conseguido inaugurar esta obra.
O vice-presidente recordou o início da sua ligação a Aristides de Sousa Mendes, em 2019, no âmbito do programa “Nunca Esquecer”, quando presidia ao Tribunal da Relação de Coimbra, e investigou o pai do antigo cônsul, José Sousa Mendes, que foi desembargador neste tribunal.
Foi também nesta altura que iniciou a parceria com a OCC e que criou o programa “Concertos da Justiça”, apoiado pela DGARTES, “e que tem percorrido o país com concertos importantes, muitos deles ligados à agenda dos direitos humanos e dos refugiados”.
No seu discurso, o juiz conselheiro abordou também a atualidade da temática dos refugiados, lembrando o papel central do CSM na agenda de imigração e asilo. Deu especial ênfase às recentes reuniões com diversas entidades, promovidas pelo CSM, para analisar e propor soluções para os problemas sentidos pelos migrantes no aeroporto de Lisboa.
O vice-presidente destacou ainda o “momento feliz” vivido por estas entidades na passada semana, ao confirmar-se “o regresso dos advogados ao patrocínio e à defesa dos requerentes de proteção internacional que chegam ao aeroporto de Lisboa, com escalas regulares e de uma forma cuidada e civilizada”.
A proposta de criação de um tribunal especializado em imigração e asilo, por parte do CSM, foi também destacada pelo juiz conselheiro como uma medida inovadora e necessária, dado o atual contexto humanitário na Europa.
Luís Azevedo Mendes sublinhou a importância de Aristides de Sousa Mendes como um herói nacional e a inspiração que o seu legado traz para o futuro, sugerindo que a Casa do Passal pode ser mais do que um museu, funcionando também como um espaço de reflexão sobre direitos humanos e migrações.
No final do concerto, o presidente da Câmara Municipal de Carregal do Sal, Paulo Catalino Ferraz, expressou a sua gratidão por este momento, referindo-se à Casa do Passal como um lugar de enorme simbolismo.
A Casa do Passal, agora Museu Aristides de Sousa Mendes, foi inaugurada em julho deste ano e, desde então, já recebeu mais de 13 mil visitantes. Este espaço, dedicado à memória do cônsul português, continua a ser um ponto de reflexão sobre o passado e uma inspiração para o futuro, promovendo os valores de justiça, coragem e humanitarismo que Aristides de Sousa Mendes personificou.
O concerto foi protagonizado pelo Ensemble do Quarteto de Cordas da OCC, com a participação das vozes de Katerina Kotsou (soprano) e Dario Prola (tenor), acompanhados ao piano por Massimo Salotti.
Lisboa, 18 de setembro de 2024